Com a chegada de 2021, os desafios mantiveram-se e vimo-nos novamente perante um confinamento obrigatório.
A prioridade tornou-se não deixar nenhum pedido de apoio sem resposta, indo ao encontro das necessidades das pessoas que nos procuram diariamente: crianças e idosos vulneráveis, desempregados, famílias em desvantagem social, pessoas em situação de sem abrigo e em exclusão social. Garantir o Centro Comunitário a funcionar em serviços mínimos, refletiu-se no assegurar das necessidades básicas dos utentes, sobretudo em termos alimentares e nos serviços de prestação de cuidados diários.
O número de pessoas apoiadas nunca foi tão elevado, todos passámos a ter de responder no imediato a muitas mais situações, mas na maioria, sem ser possível estabelecer a relação de proximidade que nos é habitual.
Este segundo confinamento, veio pôr a descoberto a fragilidade da maioria das famílias que se viram obrigadas a recorrer ao nosso apoio porque já tinham sido esgotadas todas as suas “reservas” e recursos. A própria doença (COVID-19), passou a fazer parte do nosso dia-a-dia, com situações de emergência para intervir, de famílias inteiras infetadas, confinadas na sua própria habitação. Habitação esta, que em algumas situações não passava de um quarto partilhado por várias pessoas.
As memórias destas emergências nunca serão esquecidas… como por exemplo, quando nos confrontámos com a existência de uma família alargada, composta por 5 pessoas (avó, avô, pai, mãe e 2 filhos de 6 anos e um bebé recém-nascido) … estavam todos infetados e obrigados ao confinamento numa casa, onde apenas podiam usar 2 quartos. A situação foi de tal modo grave, que infelizmente culminou na morte do avô e na necessidade de intervenção hospitalar do bebé…. O Centro garantiu de imediato o apoio alimentar regular ao domicílio, assim como, outras diligências práticas necessárias e o conforto emocional possível. Hoje, felizmente, estão todos bem e a recomeçarem uma vez mais, com o objetivo de se tornarem autónomos.
Donativos conseguidos para apoio às famílias através da MERCEARIA DO CENTRO
Em Janeiro contabilizamos 238 famílias (556 pessoas) e em fevereiro e março este número subiu para as 268 famílias num total de 635 pessoas. Os donativos em produtos alimentares e financeiros, por parte da comunidade foram cruciais para funcionamento da Mercearia do Centro com os produtos indispensáveis. No entanto, os donativos têm vindo a diminuir e o número de pessoas a aumentar, assim, se em janeiro os valores conseguidos chegaram a 1€ por dia por utente, já em março esse valor desceu para metade. Á medida que o valor dos donativos diminui aumenta o esforço interno do Centro na aquisição dos produtos para que quem precise tenha uma alimentação condigna e equilibrada.
Mas, uma vez mais, sem o compromisso e envolvimento da comunidade e de todos os Amigos do Centro, a nossa missão teria sido muito mais solitária e com menos impacto na vida das pessoas que nos procuram como porto de abrigo. Sem dúvida alguma que continuamos todos a fazer parte da mesma embarcação, cada um de nós com um papel e responsabilidade única e insubstituível.
OBRIGADO: a todos os que participaram Campanha Quaresmal da Paróquia “Olha o teu irmão”, aos “Amigos do Centro” (vizinhos com alma), Banco Alimentar, Pingo Doce, Recheio, Mercearia “O Bacano”, Mercearia “Quinta de S. Gonçalo”, St. Julians School, NATO, Câmara Municipal de Cascais, Centro Comunitário P. Parede, Panegara e LIDL e União de Freguesias Parede Carcavelos.