Quando a ajuda é tudo o que resta

A D.ª Maria* é uma das utentes do Serviço de Apoio Domiciliário e da Mercearia do Centro. Tem 84 e anos e vive sozinha. Foram a Pensão de Reforma demasiado baixa, para fazer face a todas as despesas e viver dignamente, e um problema de saúde, que lhe tirou grande parte da visão e, consequentemente, a capacidade de se deslocar, que a levaram a pedir apoio, para a sua alimentação diária. 

“Vivo nesta casa há 55 anos, estou sozinha e muito doente, e pago de renda, todos os meses, duzentos e cinquenta euros – que é o que recebo de reforma… Preciso de ajuda para comer.”, conta a idosa, sem que consiga esconder o desgosto.  

Todos os dias, à hora do almoço, Maria recebe as suas refeições diárias em casa, graças ao CCPC e à Mercearia do Centro. Com a voz a quebrar, confessa-nos que “É de ouro [o apoio do Centro], mas é um desgosto, para mim, precisar desta ajuda. Ajudei o Centro, várias vezes, com o pouco que tinha, na altura em que abriu, e nunca pensei que pudesse ser eu a precisar de ajuda, um dia.” 

Não deixa, no entanto, de pensar, num misto de tristeza e impotência, nas pessoas que estão em situações mais complicadas do que a sua: “Há muita gente que precisa ainda mais de ajuda do que eu, eu sei. Há sempre alguém pior do que nós. Gostava de ser eu a ajudar, e não a ser ajudada… Mas tenho dificuldades e preciso de ajuda, sim, infelizmente”. 

Maria não termina sem deixar uma mensagem a todos, mas, especialmente, àqueles que estão numa situação de vulnerabilidade semelhante à sua: “Há sempre piores do que nós. O meu desejo é que tentem ajudar aqueles que precisam ainda mais, mesmo que seja com muito pouco; é com aquilo que se tem. Dirijam-se ao Centro e apoiem, se tiverem a sorte de se conseguirem deslocar até lá. Tem sido uma ajuda para muitos, ao longo dos anos.”