Desde o início da pandemia, o projeto Intervir e, especificamente, a Mercearia do Centro nunca interromperam a sua atividade. Sobretudo graças ao aumento do desemprego e à diminuição dos rendimentos, devido a medidas de lay-off nas organizações, ao longo destes meses, os pedidos de ajuda aumentaram significativamente, nomeadamente no que toca ao apoio alimentar: se antes, através da Mercearia, apoiávamos, mensalmente, uma média de 200 famílias, hoje, o valor já se encontra no limiar das 250 famílias – traduzindo-se em quase 600 indivíduos, entre os quais mais de 100 crianças até aos 12 anos.
Entre as famílias que recorreram ao apoio alimentar do Centro, pela primeira vez, desde o começo da pandemia, 70% continuam a ser acompanhadas. Entre as restantes 30%, que deixaram de vir à Mercearia do Centro, contam-se os casos das pessoas conseguiram um novo emprego ou retomaram a sua atividade profissional, daqueles que mudaram de residência e dos que regressaram ao país de origem (sobretudo, pessoas de nacionalidade brasileira) e, ainda, outros, cujas razões desconhecemos, por falta de feedback dos mesmos.
No que toca à percentagem (70%) de famílias que continuam a precisar do nosso apoio alimentar, a situação continua, no entanto, muito frágil. Apesar de cerca de 30% destas começarem a ver surgir, gradualmente, novas oportunidades, em termos de emprego, e entrarem, assim, num processo evolutivo para se autonomizarem, a médio-prazo continuarão a precisar desta ajuda, para reequilibrarem as suas contas.
Na última quinzena, voltou a registar-se um aumento de novos pedidos. Estas famílias estão muito no limite e os recursos e apoios que tinham deixaram de ser suficientes, vendo-se obrigadas a pedir, pela primeira vez, ajuda ao Centro.
Apesar de o apoio alimentar ser o nosso foco principal, tentamos também responder a outras necessidades, igualmente importantes, nomeadamente: apoio em material escolar, que este ano foi muito limitado, porque não existiu a campanha de material escolar, em parceria com a Cáritas. Os produtos de higiene e para bebé, são outra das grandes necessidades das famílias, e o que mais pesa no seu orçamento.
Devido ao aumento significativo de pedidos de apoio, e uma inversa redução dos donativos para a Mercearia do Centro, nos meses de agosto e setembro tivemos necessidade de comprar mais produtos do que o habitual, para reforçar a oferta da mercearia. Destacam-se o peixe e a carne, que representam 80% do nosso investimento mensal, porque, normalmente, não nos são fornecidos através das instituições que nos apoiam regularmente (como o Banco Alimentar Contra A Fome), e as leguminosas, conservas, massas, óleo e azeite.
Concretamente, os donativos dos dois últimos meses apenas conseguiram cobrir 40% das necessidades da Mercearia. Por isso, é, mais do que nunca, imprescindível, apelar ao apoio da comunidade, para que nos seja possível garantir que todas as famílias e indivíduos tenham acesso aquilo de que mais precisam.