Sanket é consultor da New Generation Consulting e durante os últimos 3 meses ele e a restante equipa estiveram a desenvolver um projeto de consultoria para o CCPC. Nascido e criado na Índia, Sanket passou alguns dias no Centro, conheceu as suas diferentes atividades e pode mergulhar um pouco no que é o ambiente português. Esta não é a primeira vez que Sanket se junta ao terceiro sector, sendo que é um voluntário regular em algumas ONGs na Índia.
Como é que vieste parar ao Centro?
Quando entrei na NGC pude escolher o projeto que queria, visto que ia estar a estudar na Nova SBE (cujo campus é em Carcavelos) achei que o CCPC seria a melhor solução porque gosto de visitar os sítios onde estou a desenvolver os trabalhos de consultadoria.
Como foi estar a trabalhar com o Centro?
Toda a gente esteva muito disponível para ajudar e responder a perguntas, é sempre muito inspirador estar a trabalhar para uma ONG porque toda a gente que trabalha aqui o faz porque gosta. Fiquei muito impressionado com a quantidade de projetos e atividades que o CCPC tem e a forma como aloca os seus recursos.
Tens alguma atividade preferida?
Sim, o Re-Coopera. Não só é um ótimo exemplo do espírito empreendedor do CCPC como mostra como o Centro é capaz de unir a comunidade: pessoas doam o que já não usam para que outras comprem mais barato e o dinheiro vai para quem mais precisa. É o tipo de aplicação de economia circular que espero poder implementar se alguma vez voltar a trabalhar numa ONG na Índia.
Esta experiência foi muito diferente das que tiveste na Índia?
Mais ou menos, por um lado tanto aqui como na Índia as pessoas que trabalham no terceiro sector fazem-no porque querem e gostam do que fazem. Culturalmente falando Portugal e a Índia também não são muito diferentes: os valores familiares e comida são coisas que temos em comum. Por outro lado, em Portugal as pessoas estão mais abertas a doar e são mais extrovertidas, foi fácil fazer amigos. Portugal também é mais calmo.
O que levas desta experiência?
Apesar de não querer seguir o terceiro sector de forma profissional, esta experiência foi muito inspiradora. Ver o nível de organização e o espírito empreendedor do Centro motivou-me a aplicar isso em qualquer ONG que possa vir a fazer voluntariado. Toda a gente me recebeu com braços abertos e espero manter estes contactos.
Entrevista à família Meiat Ahasroumi
No dia em que a família Meiat Ahasroumi celebra 2 anos em Portugal, Amal (mãe) e Majd (filho) sentaram-se com a equipa do CCPC para falar um pouco sobre a sua jornada.
Parabéns pelos 2 anos em Portugal. Podem falar-nos um pouco de como é a vossa vida aqui?
(Amal): Nós estamos felizes aqui em Portugal, que tem condições parecidas à Síria. A vida aqui é calma, bonita e segura. Estes 2 anos passaram muito rápidos, aprendemos muitas coisas novas como a língua e a cultura. Aprender a língua foi a maior dificuldade. Algumas das coisas aqui são parecidas à cultura árabe como os prédios e algumas palavras. Eu não trabalhava e agora vendo algumas bolachas e comidas e o meu marido agora trabalha para a câmara e na Síria trabalhava num escritório de construção por isso a nossa vida é um pouco diferente.
Estão agora a mudar de casa, podem falar um pouco sobre isso?
Nós estamos agora numa fase um pouco cansativa para mudarmos de casa, mas sabemos que vai ser muito bom mudar-nos para uma casa mais definitiva.
Amal, e como se adaptou à sua nova vida em especial ao facto de estar a trabalhar pela primeira vez com o seu negócio dos biscoitos?
Sempre cozinhei, mas é a primeira vez que trabalho. Estou feliz porque gosto de cozinhar doces e gostava de ter um negócio. Estou a ver como poderia conseguir a licença e continuar a trabalhar em casa. Tenho um pequeno mercado porque não há muita gente a vender bolachas sírias, mas preciso de conseguir tornar a minha cozinha HCCP.
E tu Majd, fala-nos da tua experiência.
Eu gosto muito da Síria e claro que queria voltar, mas também quero viver aqui. Já tenho amigos e aqui sinto-me feliz e seguro e consigo estudar. Estou no 8º ano e gostava de ser pintor. Já consigo falar português porque a escola nos ajudou muito a integrar-nos e a aprendermos a língua. Na Síria é difícil fazer amigos porque as famílias estão sempre a mudar de escola ou casa.
E como te sentes em relação a vir da Síria para cá?
Lembro-me um pouco do tempo antes da guerra, eu tinha 7 ou 8 anos quando rebentou a guerra. Foi difícil fazer tantas mudanças e vir para um país tão longe sem falar a língua. Ainda falamos com a nossa família que vive em Alepo e ao pé de Damasco e queremos voltar. Comunicamos por WhatsApp mas não é a mesma coisa.
O que fazes no teu tempo livre?
Eu sou voluntário cá no Centro. No Verão fiz participei no projecto “À descoberta” e agora sou voluntário na Mercearia do Centro. Já joguei ténis, pratiquei ju-jitzu e agora gostava de fazer natação para aprender a nadar.
Alguma coisa que queiram acrescentar? Desejos para o ano novo?
Aquilo que mais desejamos é que a paz volte à Síria e que acabe a pobreza. E queremos agradecer ao Centro por tudo o que tem feito por nós. O Centro ajudou-nos em muitas coisas, não sabemos onde estaríamos sem esta instituição.